18 fevereiro 2008

Das grandes datas, grandes acontecimentos, os detalhes sempre me escapam.
O que me marca é o cotidiano.

O que é digno dos livros de história, que lá permaneça:
pouco me importa a cena hollywoodiana do nosso primeiro encontro,
mas sim como - a pouco e pouco - ficou impossível não te encontrar.

De pele que já não tinha mais função se não encostada na tua,
de pequenas febres noturnas à tua ausência,
dos minutos infinitos em tantos abraços, dos beijos nunca suficientemente repetidos:
o que marca, por ser tão corriqueiro quanto essencial.

Não se faz uma vida só de grandes eventos, a pompa dos aniversários hora ou outra enfada.
Mas do teu sorriso sonolento pela manhã - dia após dia, como sobremesa antes mesmo de levantar da cama;
dos teus braços na minha cintura - como se lá, e mais nenhum outro lugar, os pertencesse -
disso pode-se viver.
Leve, sem os vestidos longos e penteados rebuscados das cerimônias,
Leve, no abandono aliviado de quem caminha descalço na areia.

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