19 fevereiro 2008

Quando pequena, tudo que tinha necessidade de esconder costumava esconder na gaveta de meias. Diários, recortes, cartas, doces. Pela certeza que alguém sensato nunca procuraria nada importante na gaveta de meias, afinal continha apenas meias, ninguém procurava nela algo surpreendente.
Ainda hoje o faço, confesso (isso não te dá liberdade para abrí-la quando chegar aqui, lembre-se!) Deixou de ser uma gaveta, agora é meu porta desculpas. E de menos importante, tornou-se a mais memorável dentre as minhas 15.
Ando pensando em criar um topo falso de meias, pois dá muito trabalho guardá-las por cima de tudo, e encontrar as coisas, mesmo me desfazendo de algumas meias para sobrar mais espaço. Mas então ela deixaria de ser de meias, e seria como as outras 14, uma gaveta de bagunça (não que já não seja). Talvez acabe inaugurando uma segunda, que logicamente levantará suspeitas.
As flores secas, os poemas, as passagens de julho, os retratos de nanquim, os extratos do cartão de crédito, o mapa da cidade que ele me desenhou, o cartão mais bonito que já recebi. Tudo isso não vai diminuir. Vão me tomar cada vez mais espaço, na gaveta e na memória.
Por favor, alguém me dê uma idéia, ou uma gaveta com chave.
Agradecida desde já.

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